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Consórcio Guaicurus ameaça suspender vale-transporte se Justiça não anular multas

  • midiacampograndems
  • 14 de out.
  • 4 min de leitura

Empresários do ônibus tentam se livrar de R$ 28 mil em multas aplicadas pela Agetran


Consórcio Guaicurus em Campo Grande. (Arquivo, Jornal Midiamax)
Consórcio Guaicurus em Campo Grande. (Arquivo, Jornal Midiamax)

Em mais uma de dezenas de ações movidas pelo Consórcio Guaicurus na Justiça para anular aplicação de multas da Agetran (Agência Municipal de Transporte), a concessionária diz que uma possível condenação a pagar os valores pode interromper contratos para fornecer vales-transportes tanto para empresas privadas como para órgãos públicos em Campo Grande.


Trata-se de ação judicial em que os empresários do ônibus tentam se livrar de cerca de R$ 28 mil em multas, a maioria por atrasos nas linhas entre 2020 e 2023.

Na petição inicial, assinada pelo advogado Felipe Barbosa, o Consórcio Guaicurus afirma que é alvo de penalidades ‘indiscriminadas’ por parte do município.


Ainda no documento, a empresa diz que o pagamento das multas por irregularidades aplicadas pela Agetran compromete o caixa da concessionária — que tem faturamento de R$ 1,8 bilhão de 2013 a 2024.


Logo, segundo a tese dos empresários que detêm contrato de R$ 3,4 bilhões para explorar o transporte coletivo de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus pode entrar no cadastro de negativos fiscais do município.


Portanto, ficaria impedido de celebrar novos contratos de venda de vale-transporte, inclusive com o Poder Público. “O requerente é concessionário de serviço público essencial (art. 30, V, da CF) e a inviabilização das suas finanças/contratos atingirá a coletividade local de forma irreparável. Até mesmo os servidores públicos poderão ser afetados, na medida em que os respectivos órgãos ficariam impedidos de realizar a contratação com a única pessoa jurídica habilitada a fornecer vales-transporte na capital (art. 5º da Lei Federal 7.418/85)“, diz trecho do documento.


O processo está ‘nas mãos’ do juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 3ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande.


Em despacho no último dia 9 de outubro, o magistrado deixou de designar audiência de conciliação e mandou intimar o município de Campo Grande para apresentar contestação, no prazo de 30 dias.



Consórcio descumpre contrato e não paga multa de R$ 12 milhões


Consórcio Guaicurus detém contrato bilionário para explorar o transporte coletivo da Capital. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Consórcio Guaicurus detém contrato bilionário para explorar o transporte coletivo da Capital. (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Além de rodar com ônibus acima da idade máxima permitida em contrato, o Consórcio Guaicurus descumpre cláusula da concessão que determina contratação de seguro.

Assim, os empresários do ônibus estão ‘enrolando’ por mais de três anos para pagar multa de R$ 12.238.353,86 aplicada pelo município.


À Justiça, a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) informou que a multa se deu em razão do descumprimento de cláusula contratual por parte do Consórcio Guaicurus. Assim, as empresas de ônibus de Campo Grande, que assinaram o contrato em 2012, não estavam cumprindo a cláusula décima oitava, que obriga a contratação de seguro de responsabilidade civil, geral e de veículos. 


“O Consórcio Guaicurus está inadimplente com o estipulado na Cláusula Décima Oitava, do Contrato n. 330/2012, haja vista que desde setembro de 2016 não realiza a contratação de seguro”, diz a Agereg.


Então, o valor da multa é determinado, conforme o contrato, a partir do cálculo de 5% sobre o valor da receita diária por dia de descumprimento. Logo, a Agereg calculou o montante.

No documento, anexado em março de 2024 nos autos, a Agereg afirma que, até aquele momento — três anos e oito meses após a notificação —, o Consórcio Guaicurus não havia feito a contratação do seguro.


Relatório pago pelo Consórcio Guaicurus esconde ônibus velhos e ‘fecha olhos’ para lucro milionário

Novo laudo pericial, pago pelos empresários do ônibus, atestou que o Consórcio Guaicurus teve receita de R$ 1,8 bilhão até o ano de 2024.


No entanto, a perícia do Ibec afirma que a frota do Consórcio Guaicurus é adequada. “Os investimentos que foram realizados atenderam às especificações do contrato e da concessão”, diz o laudo, quando questionado sobre investimentos com a frota.


Porém, dois dias antes de o Ibec anexar laudo dizendo que a frota do Consórcio Guaicurus atende ao exigido no edital, a Prefeitura de Campo Grande publicou decisão dando prazo de 30 dias para as empresas de ônibus tirarem de circulação 98 veículos velhos e substituí-los por novos“Por estarem em desconformidade com os limites de idade útil previstos contratualmente, conforme decisão publicada em Diário Oficial.


O laudo do Ibec afirma que o Consórcio Guaicurus está com as ‘finanças defasadas’ e ‘sem capacidade de investimentos’, ao passo que atesta que os empresários do ônibus tiveram lucro líquido de R$ 27.283.132,78. Ou seja, é o dinheiro que sobrou após pagar tudo.

Enquanto isso, passageiros enfrentam superlotação e problemas com sucateamento da frota. Em alguns casos, precisam até utilizar guarda-chuva dentro dos veículos para não se molhar.

Um dos questionamentos aos quais os peritos do Ibec deveriam responder seria sobre o total do lucro líquido do Consórcio no período em valores reais e valores correntes.

Contudo, o Ibec preocupa-se em enfatizar que o lucro do Consórcio — de mais de R$ 27 milhões — está abaixo do previsto no contrato. “Os resultados apurados evidenciam uma distorção significativa no Fluxo de Caixa, não captada nas projeções originais da ‘Proposta Vencedora’”.





 
 
 

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